Um dia destes, estava eu lendo a matéria principal da revista Galileu do mês de Abril (PORQU3 3RR4M05?) e depois de ver um caso de uma mulher que passou 20 anos acreditando em algo que havia inventado - dá uma lida lá pra saber melhor - me recordei de um fato interessante em minha infância.
Quando eu tinha uns 7 anos, morava em uma casa que tinha vista para um campo de futebol no qual eu nunca joguei e uma garagem ótima pra eu bater meu golzinho com meus primos: Ramon, Matheus e Leonardo. O primeiro, por ser 7 anos mais velho que eu, sempre ganhava. Os outros dois, com idade similar a minha, eram meus fregueses e viviam perdendo. O “baba” era de qualidade, geralmente um contra um, e com gols delimitados por nossas sandálias que só nos permitiam fazer gols rasteiros. Quando era dois contra dois, havia até uma regra interessante e clara, mas inventada, Deus sabe por quem e que eu jurava ser real, era denominada por "DOIS EM UM": dois jogadores marcando um só jogador era terminantemente proibido.
Tá, mas isso tudo não vem ao caso já que nada disto foi o que me recordei quando li a matéria, citada lá em cima, da Galileu. A matéria me trouxe lembranças do meu antigo time, que não era nem o Bahia (meu time de nascimento) nem o Santos (meu time do coração, que escolhi), era um time de pelada que eu torcia e assistia aos jogos dentro da minha própria casa.
O fundo da minha antiga casa dava para um campo de barro, até grandinho, onde quase todos os dias, havia um “baba dos coroas” (digo adultos...). Eu, como um bom amante de futebol, quando tinha tempo (sempre!) ia para o fundo da casa, subia na lavanderia e ficava em pé durante horas assistindo aos jogos, a uns 10 metros de distância do gol.
Assisti tantos jogos que me identifiquei com um time, de belo uniforme amarelo e azul, que eu passei a torcer. Nunca soube o nome do time (como assim?!), muito menos o nome de algum jogador, mas acho que por isso que era tão divertido.
A manhã de sábado se tornou sagrada: todo sábado acordava cedo para ver meu time de pelada jogar. Todos os jogadores, que eu desconhecia, passaram a ter nomes inventados. Meu astigmatismo me ajudou na criatividade. Assim, o careca pequeno passou a ser o Roberto Carlos, o calvo magrinho era o Basílio (campeão brasileiro com o Santos em 2004) e o branco meio grisalho era meu ídolo da pelada: o Ricardinho (campeão mundial com a seleção brasileira em 2002).
Meu time da pelada deixou de ser apenas um time de baba e virou um time de galáticos, e eu escalava-o junto com minha imaginação. Apesar de saber que tudo era uma fantasia, eu tentava acreditar no que havia inventado para tornar a brincadeira mais legal.

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